Nome vulgar: Corvina
Nome científico: Argyrosomus
regius (Asso, 1801)
Família: Sciaenidae
Corvina capturada no Tejo-Expo
(www.luisbatalha.com/galeria/displayimage.
A corvina é um peixe de corpo longo e comprimido, quase fusiforme. Tem uma linha lateral muito evidente. Este é um orgão receptor de sensações, representado por uma série de poros ao longo do seu corpo. Vive sobre fundos arenosos até 200 m de profundidade e chega a penetrar em lagoas e estuários, pois resiste a variações de significativas de salinidade.
"Mike Beauchamp, sócio do Clube Náutico de Tavira
e já à vários anos a residir no Algarve, pescou o estupendo animal a bordo da
sua embarcação ‘Boa Pescador’ ao largo da praia do Barril de Tavira no passado
dia 21 de Abril.
A presa de 35Kg foi capturada a cerca de 3 milhas da costa e 42 m de
profundidade, utilizando uma linha com capacidade para 9 kg.
A batalha durou uma hora e culminou quando o peixe facilitou a sua recolha para
bordo da embarcação. A captura espera agora a homologação oficial como provável
record europeu." (http://www.planetapesca.com/noticiasmar.asp?ID=41)
Regresso das corvinas atrai centenas de “pescadores” |
O elevado número de corvinas que afluiu este
ano ao Tejo e o seu crescente valor comercial atraíram centenas de amadores
da pesca às margens do rio e levaram mesmo alguns a violarem as regras,
utilizando redes proibidas para aumentar os rendimentos. Há relatos de casos
de captura de centenas de quilos de corvina - espécie que, entre Março e
Julho, vem de-sovar ao estuário do Tejo -, vendida depois a cerca de cinco
euros (mil escudos) por quilo. Com a pesca ilegal do meixão - enguias bebés
- a obter piores resultados, fruto de alguma escassez de exemplares e das
campanhas de apreensão e queima de redes desenvolvidas pelas autoridades, a
captura de corvinas ganhou este ano uma dimensão extraordinária, atraindo
centenas de pescadores desportivos e de pessoas com as mais variadas
actividades profissionais que encontram nesta pesca um rendimento invulgar.
Nas comunidades tradicionais de pescadores do Tejo diz-se que basta constar
que apareceu corvina em quantidade num determinado sítio para aparecerem,
nos dias seguintes, centenas de pessoas estranhas ao rio. Uma velha
pescadora do bairro avieiro de Alhandra disse mesmo ao Vida Ribatejana que
já contou, entre o sul de Alhandra e Alverca - pouco mais de cinco
quilómetros - mais de 80 indivíduos a pescarem corvina à linha. Rogélia
Martins, do Departamento de Recursos Marinhos do Instituto das Pescas e do
Mar (Ipimar), confirmou que ultimamente as comunidades piscatórias do Tejo
têm apontado o aparecimento de muita corvina no rio. “Sei que a maioria são
pequenas. A corvina é uma espécie tradicional do Tejo, mas houve anos em que
não entrava tanto. Também por isso, o Tejo é o único rio do País onde é
permitido o uso das redes de emalhar de um pano para capturar corvina”,
acrescentou a técnica do Ipimar, realçando que os meios do Instituto ainda
não permitiram um estudo mais aprofundado sobre esta espécie. Henrique
Cabral, professor auxiliar da Faculdade de Ciências de Lisboa, tem
participado em projectos de investigação no Tejo coordenados por Maria José
Costa e conhece especialmente as questões ligadas a esta espécie. “É um
facto que a corvina quase desaparecera do Tejo nas décadas de 70 e 80. Nos
últimos anos temos sentido um grande aumento da afluência. Sabemos que este
tipo de peixe tem ciclos naturais de ocorrência, às vezes de décadas e, em
períodos anteriores, pode ter sido tão ou mais abundante no Tejo”, explicou
ao Vida Ribatejana, admitindo que a melhoria da qualidade da água do rio,
com o fecho de muitas indústrias poluentes e a construção de estações de
tratamento de águas residuais, também possa ter contribuído para este
regresso em força da espécie. Henrique Cabral partilha da opinião de vários
investigadores que defendem que a corvina vem reproduzir-se ao estuário do
Tejo e que esse processo também depende da qualidade da água. Há igualmente
quem relacione esta maior afluência com factores ligados à construção da
Ponte Vasco da Gama e à fixação ali de alimentos procurados pelas corvinas,
mas Henrique Cabral não concorda com essa ideia. “As corvinas juvenis comem
camarão mouro, que há em abundância e sempre houve. As adultas são, em
princípio, piscívoras - alimentam-se de outros peixes. É difícil encontrar
alguma relação com a ponte”, vincou. Segundo o investigador da Faculdade de
Ciências, a corvina é apanhada no Tejo em várias fases de desenvolvimento.
Entre Alhandra e Vila Franca aparecem sobretudo exemplares pequenos,
capturados com rabetas e vendidos nos mercados locais, mas também surgem,
por vezes, exemplares adultos - com mais de 50 centímetros -, que são mais
comuns entre Alverca e a Ponte Vasco da Gama. Henrique Cabral julga que esta
tendência para o aumento da afluência de corvina ainda não é muito
consistente . “Em 1995 e 96 houve uma boa afluência, depois baixou e agora
voltou a aumentar neste último ano”, explicou, frisando que, para além das
comunidades piscatórias tradicionais, aparece muita gente - pescadores
desportivos e outros - que, à linha e com outras artes, utilizando por vezes
embarcações de recreio, se dedicam à pesca de corvina. “A pesca de recreio é
mais desorganizada que a profissional, têm uma certa margem para fazerem o
que querem, também com intuitos comerciais”, acrescentou o investigador, que
defende, também, alguma fiscalização sobre esta pesca, combatendo a
utilização de algumas artes ilegais que podem atingir sobretudo as corvinas
juvenis e outras espécies. Avieiros criticam pescadores de ocasião
Constantino Padinha, com 64 anos de vida e muita experiência de pesca no
Tejo, vive no novo bairro avieiro de Alhandra. “A corvina sempre houve no
Tejo. Não havia era artes e licença para apanhar a corvina. Nós utilizamos a
rede de emalhar que é autorizada, mas há malta que trabalha com outras redes
sem ter licença, muita gente mesmo, até sem serem pescadores. Vêm das
fábricas e de onde calha. É só saberem que o pescador apanhou alguma corvina
e aparecem muitos”. O pescador alhandrense explicou que nesta área do Tejo
aparecem sobretudo corvinas pequenas, que não têm saída comercial e são
normalmente consumidas pelos próprios pescadores. Para sul surgem mais
exemplares adultos. “A pesca está muito mal. No concelho de Vila Franca não
há mais de 50 pescadores a viverem disto. Pagamos 400 contos de
contribuições por ano para a segurança social, licenças e seguros e, se se
sabe que apanhámos algum peixe, no outro dia os que não são pescadores caiem
todos no mesmo sítio. Como não sabem trabalhar fazem mau trabalho”, lamenta
Cons-tantino Padinha, preocupado com o futuro da pesca e garantindo que os
“não pescadores” é que não respeitam o rio. O pescador defende mais
fiscalização das autoridades sobre a pesca dita desportiva e de recreio,
porque, assim, “quem não paga contribuições é quem vai apanhar o peixe”.
Ideia em que é apoiado por José Carlos Padinha, que sustenta que, fora das
campanhas de recolha de redes de apanha de meixão, não se vêm regularmente
autoridades a vigiar o rio. O Tejo está mais limpo “É natural que o rio
esteja mais limpo. Muitas espécies começam a aparecer mais agora, como o
charroco. Este é o ano em que vi mais chocos com a idade que tenho e no
sável é dos melhores anos de há mais de 20 anos para cá”, sublinhou
Constantino. Uma ideia confirmada por Emília Mendes, de 61 anos, que critica
os que receberam subsídios para abater os barcos e andam agora a pescar com
barcos de recreio. “Fomos corridos de todo o lado, das docas, para dar lugar
a esses barcos de recreio. Quem governa a vida no rio e paga as
contribuições está sempre desgraçado e a ser corrido”, concluiu. Jorge
Talixa |
(http://www.vidaribatejana.pt/noticias.asp?inc=desenvolvimento&id_noticia=442)